Se classificaram estas oito equipes: Botafogo, Fluminense, América, Flamengo, Vasco, Bangu, Bonsucesso, e Portuguesa. Com 11 pontos, o Fluminense acabou sendo campeão sobre o Flamengo do 2º turno, que valia também o título do Campeonato Carioca neste ano.
Campeonato Carioca 1969
Competidores: Botafogo, Fluminense, América, Flamengo, Vasco, Bangu, Bonsucesso, Portuguesa, Campo Grande,Olaria, São Cristóvão, Madureira.
Jogos: 18.
Vitórias: 12.
Empates: 04.
Derrotas: 02.
Lista de Jogos
1. Fluminense 1 x 0 Portuguesa. Dia 08 de Março de 1969
2. Fluminense 6 x 1 Madureira. Dia 15 de Março de 1969
3. Fluminense 1 x 1 Botafogo. Dia 23 de Março de 1969
4. Fluminense 1 x 1 Bonsucesso. Dia 29 de Março de 1969
5. Fluminense 2 x 1 Olaria. Dia 05 de Abril de 1969
6. Fluminense 3 x 0 São Cristóvão. Dia 12 de Abril de 1969
7. Fluminense 2 x 1 Vasco. Dia 21 de Abril de 1969
8. Fluminense 0 x 2 América. Dia 27 de Abril de 1969
9. Fluminense 0 x 0 Flamengo. Dia 01 de Maio de 1969
10. Fluminense 3 x 1 Campo Grande. Dia 04 de Maio de 1969
11. Fluminense 3 x 1 Bangu. Dia 10 de Maio de 1969
12. Fluminense 2 x 0 Portuguesa. Dia 17 de Maio de 1969
13. Fluminense 0 x 0 Vasco. Dia 25 de Maio de 1969
14. Fluminense 2 x 1 América. Dia 31 de Maio de 1969
15. Fluminense 3 x 0 Bangu. Dia 05 de Junho de 1969
16. Fluminense 2 x 0 Bonsucesso. Dia 08 de Junho de 1969
17. Fluminense 3 x 2 Flamengo. Dia 15 de Junho de 1969
18. Fluminense 1 x 3 Botafogo. Dia 22 de Junho de
Abaixo, segue um trecho de uma das melhores crônicas de Nelson Rodrigues, publicada no Jornal O GLOBO daquela época, e fala do jogo final entre Fluminense x Flamengo, onde o Fluzão venceu pelo placar de 3 x 2. Por muitos ele era considerado o melhor Fla-Flu de todos os tempos, antes do FlaFlu do Gol de Barriga em 1995. Confiram.
CHEGA DE HUMILDADE
(Nelson Rodrigues, O GLOBO, 16/06/1969)
Amigos, a humildade acaba aqui. Desde ontem o Fluminense é o campeão da cidade. No maior Fla-Flu de todos os tempos, o tricolor conquistou a sua mais bela vitória. E foi também o grande dia do Estádio Mário Filho. A massa “pó-de-arroz” teve o sentimento do triunfo. Aconteceu, então, o seguinte: — vivos e mortos subiram as rampas. Os vivos saíram de suas casas e os mortos de suas tumbas. E, diante da platéia colossal, Fluminense e Flamengo fizeram uma dessas partidas imortais.
Daqui a duzentos anos a cidade dirá, mordida de nostalgia: — “Aquele Fla-Flu!”. Ah, quem não esteve ontem no Estádio Mário Filho não viveu. E o Fluminense fez uma exibição perfeita, irretocável. Lutou com a alma indomável do campeão. Ninguém conquista o título num único dia, numa única tarde. Não. Um título é todo sangue, todo suor e todo lágrimas de um campeonato inteiro.
Acreditem: — o Fluminense começou a ser campeão muito antes. Sim, quando saiu do caos para a liderança. “Do caos para a liderança”, repito, foi a nossa viagem maravilhosa. Lembro-me do primeiro domingo em que ficamos sozinhos na ponta. As esquinas e os botecos faziam a piada cruel: — “Líder por uma semana”. Daí para a frente, o Fluminense era sempre o líder por uma semana.
Olhem para trás. Da rodada inaugural até ontem, não houve time mais regular, mais constante, de uma batida mais harmoniosa. Mas foi engraçado: — por muito tempo, ninguém acreditou no Fluminense, ninguém. Um dia, Flávio veio de São Paulo. Era o ponta-de-lança mais esperado que um Moisés. Queríamos um goleador. E nunca mais se interrompeu a ascensão para o título.
O curioso é que, há muito tempo, aqui mesmo desta coluna, fez-se o vaticínio de que o campeonato teria a sua decisão num Fla-Flu. Foram autores de tal profecia, primeiro, o Celso Bulhões da Fonseca; em seguida, o Carlinhos Niemeyer, um e outro rubro-negros. O que ambos não sabiam é que já estava escrito há 6 mil anos que o campeão seria o Fluminense. E vou citar um outro oráculo: o Haroldo Barbosa. Quando o tricolor parecia uma piada, o bom Haroldo piscou o olho para o Marcello Soares de Moura: — “Este é o ano do Fluminense!”. E do seu olhar vazava luz.
E mais: — na sexta-feira, o presidente do Fluminense, Francisco Lapport, convidou para um almoço, em sua residência, a mim, ao Marcello Soares de Moura e ao Carlinhos Nasser. Ainda na mesa, e antes do cafezinho, baixou-nos o sentimento profético do título. Amigos, o que se viu ontem no Estádio Mário Filho foi espantoso. Primeiro, a tempestade de bandeiras, de pó-de-arroz, os pombos tricolores e rubro-negros.
E que formidável partida! Houve, durante noventa minutos, um suspense mortal. O Fluminense fez o primeiro gol e o Flamengo empatou. O Fluminense fez o segundo e o Flamengo mais uma vez empata. Duzentas mil pessoas atônitas morriam nas arquibancadas, gerais e cadeiras. E foi preciso que Flávio, o goleador do Fluminense, o goleador do campeonato, marcasse aquele que seria o gol da vitória, da doce e santa vitória. E o rubro-negro não empatou mais, nunca mais. Era a vitória, era o título.
Agora a pergunta: — e o personagem da semana? Podia ser Cláudio, que fez uma exibição magistral e, inclusive, um gol. Podia ser Denílson, que volta a ser o “Rei Zulu” e um dos maiores jogadores brasileiros de defesa. Penso também em Galhardo, que, a princípio nervosíssimo, teve intervenções sensacionais. Podia ser também Telê, que, sóbrio, modesto, trouxe a equipe do caos para o título. Mas entendo que desta vez o personagem deve ser o time. Do goleiro ao ponta-esquerda. Todos, todos mostraram uma alma, uma paixão, um ímpeto inexcedíveis.
Pelo amor de Deus, não me venham dizer que, no segundo tempo, o Flamengo jogou com dez. O rubro-negro cresceu com a desvantagem numérica, lançou-se todo para a frente. Eram dez fanáticos dispostos a vencer ou perecer. O Flamengo teve ontem um dos grandes momentos de sua história.
Mas, dizia eu no começo que a nossa humildade pára aqui. Passamos toda a jornada com um passarinho em cada ombro e as duras e feias sandálias nos pés. Mas o Fluminense é o campeão. Erguendo-me das cinzas da humildade, anuncio: — “Vamos tratar do bi”.
(a crônica foi transcrita do excelente livro "À Sombra das Chuteiras Imortais")
SÚMULA DO FLA-FLU QUE DECIDIU O CARIOCA DE 1969
15/Jun
Flamengo 2x3 Fluminense
Local: Maracanã
Renda: NCr$ 697.438,00
Público: 171.599
Juiz: Armando Marques
Auxiliares: Luis Carlos Félix e Valquir Pimentel
Expulsão: Dominguez aos 38’
Gols: Wilton 11’, Liminha 35’, Cláudio Garcia 40’, Dionisio 60’ e Flávio 79’
Flamengo: Dominguez, Murilo, Onça, Guilherme e Paulo Henrique; Liminha, Rodrigues Neto e Arilson (Sidnei); Doval, Fio e Dionísio. Técnico: Tim
Fluminense: Félix, Oliveira, Galhardo, Assis e Marco Antônio; Denílson e Lulinha (Samarone); Wilton, Flávio, Cláudio Garcia e Lula (Gilson Nunes). Técnico: Telê
Fonte: http://brfut.blogspot.com.br/2010/01/campeonato-carioca-1969-segundo-turno.html
Outras fontes
Fla-Flu de 1969 jogos inesquecível do tricolor Pedro Bial
Vídeo e narração da rádio na época dos gols do jogo do Fla-Flu 1969
VEJA TAMBÉM TRECHO DO "BLOG JORNALHEIROS" SOBRE A FINAL DO CAMPEONATO CARIOCA DE 1969
Diante de 171.599 pagantes, o Fluminense do técnico Telê Santana entrou em campo no Maracanã com Félix; Oliveira, Galhardo, Assis e Marco Antonio; Denílson e Lulinha; Wilton, Flávio, Cláudio Garcia e Lula. Gilson Nunes e Samarone entraram no decorrer da partida, sendo o último o autor do passe para o tento de Flávio, o gol da vitória e do título.
Fluminense 3, Flamengo 2. Pela décima-nona vez na história, o Pó-de-Arroz comemorou a conquista do Campeonato Carioca. Nelson Rodrigues foi brilhante na descrição da partida: "Chega de Humildade" é a melhor crônica esportiva de todos os tempos.
Vídeo do Canal 100:
VEJA ANTES QUE A FLAPRESS TIRE DO AR...
Por FLUnômeno —
15:37